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terça-feira, 9 de outubro de 2018

Insanidade


INSANIDADE: Não fiquei satisfeito com as definições de insanidade que encontrei no dicionário.

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Percebemos o mundo externo e, neste contato com o exterior, talvez não tragamos para dentro da gente exatamente o que estava lá fora. Sanidade seria, então, a capacidade que uma pessoa tem de trazer para dentro de si o que está no mundo lá fora com a maior fidedignidade: Saber olhar para o mundo e estar apto a interpretá-lo da maneira mais objetiva com que a realidade pode ser alcançada.
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Quando a imagem interna que fazemos do exterior reflete o mundo de fora com exatidão, compreendemos a realidade sob as lentes da sanidade.
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Insanidade, então, seria um grau degenerado de interpretação do mundo exterior, fazendo o nosso mundo interior diferir de tal forma que nossos depoimentos sobre o mundo, considerado real, não sejam reconhecidos.
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Todavia, se outras pessoas reconhecem nossos depoimentos, podem ter distorções tão graves quanto as nossas. O que transformaria o homem de maior sanidade em um louco, pois, apesar deste descrever a realidade exatamente como ela é, em relação à sua sociedade, não é compreendido.
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Insanidade, então, nem tem tanto a ver com a sua percepção real e objetiva do mundo que te cerca, mas, insanidade é muito mais relacionada à diferença da sua percepção em comparação à percepção do grupo de pessoas que te cercam.
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Sanidade seria acompanhar as noções do real da sua comunidade. Pelo menos para parecer são entre os outros, o que não alivia os seus conflitos internos. Principalmente se você consegue se dar conta, em algum momento, que começou a introjetar imagens distorcidas do mundo lá fora. Quer, mas não consegue ver através das suas lentes já tão gastas e cansadas.
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Sanidade também pode ser um simulacro. Conhecer o mundo real exatamente como ele é. A mais pura sanidade, mas saber também descrevê-lo distorcido para todos aqueles que te cercam.
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Insanidade também pode ser um simulacro. Desconhecer o mundo real, tê-lo distorcido dentro de si, mas saber também descrevê-lo menos distorcido para todos aqueles que te cercam.
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E em todos os casos, tentar não ser descoberto. Pelo menos, até enquanto isso seja conveniente.


segunda-feira, 16 de abril de 2018

Capitalismo para os Pobres

Se for pra comunidade carente, praticamente todo mundo tem celular, todo mundo tem geladeira, todo mundo tem televisão, todo mundo tem microondas. Agora tem tudo isso, agora não tem saneamento básico, não tem uma casa legalizada, ou regulamentada com escritura porque ainda não é dele aquele terreno que ele mora há 50 anos. Tudo que o capitalismo oferece, o pobre consegue comprar. Ele pode não conseguir comprar tão rápido quanto o rico, tão bom quanto o rico... mas ele tem! E ele consegue priorizar. Eu acho que um grande erro, e o brasileiro é campeão nisso, é a gente querer achar que o pobre não pensa, que ele não sabe escolher o que é melhor pra ele. O pobre sabe escolher o que é melhor pra ele. Ele pode ser pobre por N motivos, mas nenhum desses motivos é porque ele não é capaz de fazer as melhores escolhas pra vida dele. A gente fica se colocando na posição dessa elite ignorante e estúpida de definir o que é melhor pra vida do pobre. "Ah, não pode dar dinheiro pro pobre senão ele compra de cachaça, senão ele compra isso..." Essa é uma minoria que sempre vai existir, como também existe entre os ricos quem compra de cocaína e suas drogas um pouco mais caras. O pobre quando pode escolher faz isso muito bem. A grande barreira hoje nesse país e em qualquer lugar do mundo pra pobre ficar médio, chama-se Governo, chama-se Estado. Um absurdo um pobre ter smartphone, como a empregada doméstica da minha casa tem smartphone - não é um iPhone, mas é um smartphone. E a casa dela não tem esgoto porque ela não pode comprar o esgoto na linha privada. Ela não pode querer que alguém leve esgoto pra casa dela porque é um monopólio Estatal. Ela não pode fazer um movimento com o pessoal da comunidade pra ter um ônibus levando e trazendo ela da comunidade dela pra Aldeota onde eles trabalham porque é proibido por Lei. Ela não pode regulamentar a vizinha dela que em vez de trabalhar na casa dos outros fica com os filhos das redondezas - toda mãe deixa o filho lá e paga 100 reais por mês pra ela - ela não pode chamar isso de creche senão ela tem uma regulamentação em cima do MEC. Então, as barreiras que o pobre tem pra subir de vida chama-se Governo, regulamentação e Estado. Quando a gente libera, acontece isso: uma demanda ociosa de lugares mais pobres, uma demanda ociosa de onde a gente menos espera. Eu sempre digo isso: o rico dá um jeito, meu amigo. O Brasil é o melhor lugar do mundo pro rico viver. Se ele tiver com paciência ele vai em Miami e compra a roupa que ele quer pelo preço que o americano compra. É muito ruim pro pobre. O pobre que não vai nos Estados Unidos comprar, o pobre é que tem que pegar ônibus quando não tinha Uber (e agora paga mais caro no Uber por culpa do Estado). O rico andava de carro ou trocava o carro pelo Uber em vez de procurar vaga ele não precisa mais disso. O trauma do rico é o trânsito, o trauma do pobre é ter que acordar trêos horas mais cedo pra ir no trabalho. A gente tem que passar a respeitar as pessoas mais pobres. Como o senhor foi muito feliz em dizer, elas demandam coisas. A demanda ociosa é a do pobre. É o pobre que não tem como se locomover, é o pobre que não tem esgoto, é o pobre que não tem escolas. 

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