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terça-feira, 29 de julho de 2014

José Padilha de frente com Gabi

Para você desenvolver um Estado, a antropologia mostra, sempre você precisa de uma organização que reprime em nome do Estado. Toda tribo que passou a ser um Estado tinha algum tipo de polícia. A polícia não é um detalhe. A polícia é uma condição de existência para o Estado. E para você entender rapidamente uma sociedade, eu acho que o melhor lugar para você olhar é a polícia. O tipo da polícia que uma sociedade tem fala muito sobre ela.
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- Descreva a nossa.
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A nossa polícia é horrível. A nossa polícia é mal treinada. A nossa polícia é corrupta, em grande parte. E a nossa polícia é violenta. E mais do que isso, se você olhar para as organizações, por exemplo, pega a PM do Rio de Janeiro, né? Uma maneira de você pensar a sociedade moderna, é você pensar como as organizações processam os indivíduos transformam os indivíduos e quando você discute educação, você está discutindo como é que determinadas estruturas, escolas vão influenciar na formação das pessoas. Não são só escolas que influenciam na formação das pessoas. Outras organizações também influenciam. A polícia é uma delas.
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A PM do Rio de Janeiro tem cerca de 50 mil homens. Eu fiz uma enquete com vários policiais e perguntei quantos destes homens vocês acham que já entraram em atos de corrupção? E o número que os policiais me davam era entre 50 e 70 por cento. Se você tem uma organização com 50 mil homens em que 50 ou 70 por cento deles já cometeu algum ato de corrupção, o problema não são os homens. O problema é a organização. A PM funciona de tal forma que ela induz o processo das pessoas de forma que elas se tornem, ou sejam forçadas a sair da polícia, quem não aguenta, ou a se omitir, eu quero ficar encostado no Detran. Me manda para outro órgão. Ou então eles se tornam violentos e corruptos.
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- E aí você diria que este retrato que você está fazendo da polícia brasileira é na verdade um micro do grande macro, é isso? É uma pequena exposição do que seria o todo, é isso?
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É, isso se reproduz. Vamos imaginar o seguinte: Pensa na política, vamos da polícia para a política, como eu fiz no Tropa de Elite 2. A polícia é uma organização que contrata pessoas, então ela tem um processo seletivo. Este processo seletivo funciona, primeiro, nem todo mundo se dispõe a querer entrar naquela organização. Logo de cara você tem um monte de gente que fala "eu não quero ser polícia" e "eu não quero me submeter ao dia-a-dia de um policial", "não quero ficar perto da corrupção ou da violência". Então você já está eliminando uma série de pessoas que poderiam ser bons policiais. Aí o cara entra lá, começa a lidar com a corrupção, com baixo salário e com a violência. Tem muita gente que sai. Eu conheço várias pessoas que saíram com um ano de polícia e virou motorista de táxi e tal. Então a polícia faz um processo seletivo. E este processo funciona como? Ela termina formando os piores policiais possíveis, na média.
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A política brasileira também. Eu quero ser político. Como é que eu vou financiar a minha campanha? Ah, bom. Tradicionalmente a campanha no Brasil, vide dos escândalos que a gente tem, vide os mensalões do PSDB e do PT e tal, ela é financiada com caixa dois. Se você não tiver a caixa dois, se você não tiver aparelhado o seu governo principal...
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- Se você não estiver ilegal?
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É, se você não tiver um partido político que tem cargos municipais, estaduais ou federais capazes de gerar um aparelhamento do Estado que desvie recursos ou via acordo com empreiteiras, eu não estou falando nenhuma novidade aqui, a gente lê isso no jornal. Se você não estiver disposto a entrar neste jogo você não vai se eleger. Então a maneira pela qual a polictica brasileira está colocada, é um processo seletivo ao contrário. A gente seleciona as piores pessoas, na média. Não estou dizendo que não existem exceções. É claro que existem. Mas as piores pessoas para serem polícia/políticos.
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https://www.youtube.com/watch?v=AmZdGvkpVV8

segunda-feira, 14 de julho de 2014

Mortos não falam?

ROBERTO MARINHO
"Um horror, um horror (endossando comentário de um convidado sobre o poderio das Organizações Globo). É a melhor rede que existe no Brasil. Ele é dono da opinião pública do país. Faz o ministro das Comunicações e muda quem ele quiser. O dia em que o Roberto Marinho quiser se virar contra o governo, o governo cai. Ele não chegou a influenciar-me porque brigou comigo. Não lhe dei uma concessão de rádio e de televisão e ainda lhe disse: Não vou dar porque já tem demais! Criei três redes de TV: a Manchete, a do Silvio Santos e a Bandeirantes. Aí o Roberto Marinho ficou com raiva de mim porque antes era só ele."



http://veja.abril.com.br/120100/p_036.html